sábado, 26 de julho de 2025

My Israel

 My Israel

Here we are.
Here we stay.
Not all of us were born here, but here we live and here we die.

We live a life once only dreamed of — a life filled with family, homeland, and countless blessings.

Here, we can be.
Here, we are.

We plant our trees, harvest our fruits, raise our children, and explore our future.
We believe in G-d, the One and Eternal.
He guides us and protects us.

The earth smiles at the touch of our hands.
It blesses our sweat, giving us the best of what exists — the sweetest fruit, the most beautiful flowers.
Roses are perfume.
Rain washes the soul and fills the Kineret.

The sky, in a blue never seen elsewhere, brings joy to the birds who wake us early each morning.

Here we are.
Here we love.

People who love each other without knowing one another, without even speaking the same language.
Easy smiles of happiness — for living here and knowing with certainty that this is home.

We wake up feeling the power that comes from standing on the soil of our homeland, and the pride of belonging to this great Family.

How can we not be happy?

Here we are.
Here we build.
Here we plant.
Here we harvest.
Here we create.

Thank You, HaShem.

— E.C.

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Conversando com a BONITA.

 

Conversando com a "Bonita"

Fala, Bonita, fala. Senta aqui pertinho e me conta da sua vida, das suas risadas, dos seus tropeços. Conta pra mim do seu dia, das cambalhotas, dos “me viro nos trinta”.

Senta mais perto — você vai falando e eu vou passando a mão nos seus cabelos de seda, perfumados de sol. Estou escutando sim. Conta mais, amada. Estou prestando atenção, sim.

Como a vida me fez rica! Como D’s foi bom pra mim! Seu sorriso, seu colinho, sua risada e esse olhar cor do mar ao entardecer...

Vamos brincar de “pezinho de fumacinha”, de “fofão bochechudo” e até de “pochete” — brinco do que você quiser, mas fica mais um pouco, tem mais risada pra sair!

Conta, Bonita, conta! Conta mais! HaShem te fez em tecnicolor só pra me deslumbrar!

Jóia preciosa que eu tenho… eu, que sou a bailarina que anda no fio de arame… e não cai!

E.C.

quinta-feira, 24 de julho de 2025

Memorias na Madrugada

Da  Minha Janela em Karmi'el


Ontem à noite estava quente, bastante quente — mas (ainda bem!) não o bastante para ligar o ar-condicionado.
Moshe foi se deitar na horinha certa dele, e eu, a notívaga, me vi encantada com a calma da noite.
Sendo Shabat, tudo estava silencioso. O céu, claro; as estrelas, brilhando. E o perfume dos jasmins entrando pela janela da minha salinha de estar — esse cantinho onde passo horas em conluio comigo mesma todos os dias e avanço muitas noites.

Meus olhos se perdem nas montanhas, onde as luzes do kfar cintilam como diamantes de vários tamanhos.
Nessa quietude — solidão bem-vinda — meus pensamentos voam. Viajo longe no tempo. Faço visitas à menina que fui. Ando pela casa onde nasci. Sento mais uma vez no balanço que meu pai fez para mim no quintal.
Acaricio meus primeiros bichinhos, que me ensinaram o amor e povoaram de ternura minha infância.

E assim, voei ontem à noite... longe.
Entre tantas lembranças, sentimentos mesclados de saudade, ternura, alegria, tristeza — memórias de sabor doce, das surpresas vividas um dia.
Engraçado como os bons momentos, as risadas sem propósito, as letras de músicas que me encantaram na infância e juventude... como por magia, desfilam, vão se sobrepondo.

Até mesmo o cheiro do meu primeiro batom (era de um rosa-alaranjado...), o primeiro perfume: Grès Cabochard — aquele da fitinha cinza de veludo amarrada em lacinho.

Ah, sim! Meus heróis também fizeram a ronda ontem à noite, e pudemos nos cumprimentar outra vez.
Sentei mais uma vez com Vinicius de Moraes naquela mesa do restaurante português (cujo nome ainda me escapa...) perto da Avenida da Consolação, lá embaixo, quase no centro de São Paulo.
Lembro do gosto do vinho verde, da voz rouca do Poetinha e do tilintar do gelinho no uísque dele.
Ele ia falando e rindo, sempre mexendo o copo.

Inesquecível também o momento em que pude ter dois dedos de conversa com o grande Guilherme de Almeida em seu pequeno escritório no centro da cidade. Morreria, acho eu, um ano ou dois depois.
O Aldemir Martins que visitei, com aquele jeitão só dele — simples e calmo — com direito a uma taça de champagne no ateliê do grande pintor.

Figuras impressionantes como Caciporé Torres.
Lisetta Levi, minha amada professora de História da Arte.
Roberto Campos — uma inteligência aliada ao bom humor, coisa incomparável! Mente rápida e certeira, gênio mesmo.
Tive o prazer — e a surpresa — de conhecê-lo num coquetel a bordo de um iate em Angra dos Reis.

Aznavour, que tive a chance de assistir cantar minhas músicas prediletas num bar mitzvah em São Paulo. “Désormais”... lindo demais!

Dener Pamplona e sua belíssima Maria Stella Splendore — depois de muita música no Ton-Ton, fim de noite no Cave.
E por aí vai... gente incrível na minha vida.

Estava em Nova York quando o grande Rav Meir Kahane ז״ל foi assassinado após uma palestra para os ortodoxos. Esse foi — e é — um dos meus grandes heróis.
Tive o privilégio de receber das mãos do Rebe de Lubavitch ז״ל o famoso dólar.

Meus heróis estão mortos.
Hoje, não reconheço heróis dentro da mediocridade que nos assola no mundo...
Triste geração sem heróis. Verdadeiros heróis.

Mas os livros!
Ah, os livros que ficaram e pululam na minha memória!
Consigo vivê-los em pensamento. De maneira extraordinária, viajo séculos, enfrento tempestades, percorro mundos, brinco de faz-de-conta na era medieval.
Sou romântica em Montmartre.
Viajo até a Praga de Kafka.
Sofro com Oscar Wilde no De Profundis.

Tenho muitas companhias interessantes ainda hoje.
Que sortuda eu sou. Que privilegiada nasci.

Não passei pela vida.
Vivi e vivo a vida — e tenho muito a agradecer.

Sou rica por pertencer a uma geração que teve heróis de verdade, por ter consolidado valores importantes, e por ter a bênção de poder ver meus filhos e netos crescerem preservando os mesmos valores.

Da minha janela em Karmi’el, no Norte de Israel, com vista para as montanhas da Galileia.
Esther Crouch

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Vamos comer flores?


Vamos Comer Flores?
Esther Crouch

Hoje eu queria comer flores.
Vestir meu vestido de nuvem, ficar descalça, pisar na grama.
Deixar o vento brincar com meus cabelos.

Queria dançar outra vez música grega, subir nas mesas, dançar ao som dos pratos se espatifando no chão!
Ah... seria tão bom se você me convidasse hoje para comer flores!

Ah... e seria tão bom sentir o seu perfume — o eterno Eau Sauvage...
Sinto as borboletas no estômago.
Me segura... vou voar!

Andar descalça pelas dunas de Cabo Frio,
mão na mão, cheiro de mar, pele com gosto de sal.
Vamos brincar outra vez.
Vamos rir das pessoas sensatas — gente séria que faz o mundo feio!

Vem. Vem me buscar pra comer flores e beber Uzo.
É disso que preciso agora.
As borboletas ficam impacientes dentro do estômago!

O Le Bateau está aberto,
o Mosquito reservou nossa mesa.
Corre! Vem me buscar!

Quero comer flores hoje.
Você pode fazer a noite ficar bem longa, só pra mim?
Vem, vamos passear!
Vem, vamos brincar de ser feliz!

E.C.

Casulo-Mortalha





Casulo de Ouro

Esther Crouch

E nos fios do sonho eu fui me enrolando...
Fios dourados, fios cor de prata, tinha fio turquesa e verde-água também.
Piruetas eu dava, brincava de saltar, dançava sozinha, cantava e girava, fazendo festa no ar.
Mais uma volta aqui, outra ali, puxava um pouquinho aqui, soltava outro tanto ali...

Foi assim que fui tecendo minha indumentária real —
Enrolando e enroscando, bordando de estrelas e vaga-lumes, madrepérola e Pedra da Lua...
Fui me enrolando, me enroscando, bordando e cantando...

Lindos sonhos. Linda indumentária real.
Fascinada, mais um ponto aqui, mais uma voltinha ali, duas estrelinhas a mais pra dar o acabamento...

Fiquei presa.
Estava, sem saber, tecendo minha mortalha.

Mas... uma linda, maravilhosa mortalha!
E dela só vou sair, um dia, com minhas asas cintilantes,
Batendo langorosamente na louca busca da Luz.

E.C.