Outono?
Mucha (Esther Crouch)
Os dias voam.
As estações se sucedem.
Meus cabelos prateiam.
O coração bate descompassado agora.
As linhas no meu rosto tornam-se histórias que não contei.
Olhar perdido no horizonte distante,
os pensamentos passam como filmes.
Um meio sorriso dança em meus lábios secos…
Você chega —
feliz, alegre, camisa colorida,
olhos cheios de amor.
Porque hoje é sábado,
e os “louquinhos-da-Silva” saem para namorar.
O “Tamborzinho” e sua “Rainha”.
“A Bela e a Fera”.
Assim éramos conhecidos.
Risos. Muitos risos.
Música. Muita música!
Ah… querido…
No vazio dos meus olhos,
que a sua imagem ainda reflete,
escuto sua voz,
seu sotaque inconfundível.
Imagine só…
sinto o seu perfume: Eau Sauvage.
Todos os sentidos afloram.
Sou menina outra vez.
Perdas e Danos. Danos e Perdas.
A magia do amor.
A tragédia da realidade
com toda sua fealdade...
Tentar racionalizar?
Não consigo.
Sou só emoção.
Não passou o tempo.
Não perdi você.
Guardo comigo sua juventude,
seus sonhos e anseios.
Guardo de você os melhores anos
das nossas vidas —
quando tudo era possível,
quando éramos jovens e invencíveis.
Isso ninguém tirou.
Ninguém roubou.
É algo só meu.
Preciso dormir.
Vou sonhar com você.
E.C.