domingo, 11 de outubro de 2015

Outono





Outono?
Mucha (Esther Crouch)

Os dias voam.
As estações se sucedem.
Meus cabelos prateiam.

O coração bate descompassado agora.
As linhas no meu rosto tornam-se histórias que não contei.

Olhar perdido no horizonte distante,
os pensamentos passam como filmes.

Um meio sorriso dança em meus lábios secos…

Você chega —
feliz, alegre, camisa colorida,
olhos cheios de amor.

Porque hoje é sábado,
e os “louquinhos-da-Silva” saem para namorar.

O “Tamborzinho” e sua “Rainha”.
“A Bela e a Fera”.

Assim éramos conhecidos.

Risos. Muitos risos.
Música. Muita música!

Ah… querido…

No vazio dos meus olhos,
que a sua imagem ainda reflete,
escuto sua voz,
seu sotaque inconfundível.

Imagine só…
sinto o seu perfume: Eau Sauvage.

Todos os sentidos afloram.
Sou menina outra vez.

Perdas e Danos. Danos e Perdas.

A magia do amor.
A tragédia da realidade
com toda sua fealdade...

Tentar racionalizar?
Não consigo.
Sou só emoção.

Não passou o tempo.
Não perdi você.

Guardo comigo sua juventude,
seus sonhos e anseios.

Guardo de você os melhores anos
das nossas vidas —
quando tudo era possível,
quando éramos jovens e invencíveis.

Isso ninguém tirou.
Ninguém roubou.
É algo só meu.

Preciso dormir.
Vou sonhar com você.

E.C.


Nenhum comentário:

Postar um comentário