Trechos do Diario de Uma Mulher Sem Importancia
"
Meus 20 anos...
Meus vinte anos se foram.
Longe... muito longe.
Engraçado como, pela manhã, ao acordar, eu tenho 19.
Sinto como aos 19 anos!
Impressionante isso.
Pego a pasta de dente, coloco na escova, começo a escovar os dentes e…
aí, então, olho no espelho.
Quem me olha de volta não é mais a menina.
É a senhora madura que sou.
Só os olhos permanecem.
Na expressão dos olhos se reconhece a menina que fui —
olhar travesso, muitas vezes em atitude de total desafio.
Dou um sorrisinho maroto.
Bato a escova de dentes três vezes na pia.
Essa sou eu.
Eu de muitos nomes.
Alguns apelidos.
Inúmeros sobrenomes.
E uma só face:
mucha-menina-fatal-tristeza-alegria-menina-amante-doce.
“Hier Encore”, pela décima vez...
Lindo. Triste. Tão verdadeiro.
Tenho uma versão com Aznavour e Jacques Brel, ao vivo!
Coisa linda. Preciosa.
Tantos projetos...
Quando eu criticava o mundo com desenvoltura...
O futuro estava todo à frente!
Alguns amigos estão mortos. Outros partiram.
O tempo passou.
Mas... continuo sendo uma otimista.
Mesmo quando “Il faut savoir...”
repete suas palavras conhecidas,
falando da “felicidade perdida”
e da “necessidade de se levantar da mesa quando o amor já foi servido”...
"Il faut savoir..." — é melhor se retirar.
Aí entra em cena a menina.
Ela mantém o sorriso.
Levanta o queixo.
Prende as lágrimas.
E segue.
Segue com bravura.
Um testamento deixo aos meus dois filhos:
uma vida vivida com intensidade.
Quando alguém diz que sofri tanto...
De verdade, sofri.
Chorei lágrimas de sangue.
E tudo transformei em mais amor.
Das flores, retirei os espinhos.
Machuquei meus dedos,
mas conservei as flores.
Acreditei.
Segui em frente.
Sorri quando o mais fácil teria sido morrer.
D’s sempre foi meu grande Sócio.
Meu Sócio Majoritário.
Tropeços.
Pedras no caminho.
Dificuldades.
Mas posso dizer, sem hesitar:
Fui imensamente feliz!
Fui muito amada.
Amei muito.
Amo muito.
Conservo emoções antigas.
Guardo “joias” únicas.
Sou uma mulher imensamente rica.
Fui feliz como não conheço outra igual.
O tempo passou.
Tenho no rosto marcas do tempo.
Minha história está no meu sorriso e no meu olhar:
Amor e Felicidade.
Tenho ainda muito a entregar ao mundo.
Criei dois filhos só com a ajuda de HaShem.
Fiz deles dois GENTE, com G maiúsculo.
Dois JUDEUS, com J maiúsculo!
Ah!!!
Eu disse SIM à vida!
E a vida disse SIM pra mim!
Esther Crouch
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