Linhas Paralelas
Meus olhos estão turvos, nublados —
mas sei que você está perto.
Sinto sua presença.
Seu perfume, seu olhar,
a textura da sua pele em meus dedos.
Escuto sua voz,
esse sotaque maluco,
mistura de francês, hebraico, português e árabe...
E adormeço em seus braços, outra vez.
Seu riso faz música!
Não, eu não choro mais de saudades.
Sei que somos linhas paralelas,
que caminham juntas,
sem nunca se encontrar.
Aprendi a brincar de "faz de conta":
você está presente hoje, aqui, agora.
Quarenta e oito anos atrás fizemos um pacto —
e estamos fiéis a ele.
Pergunto, e você responde.
Não choro mais, querido.
Sou uma boa menina que, como você sempre diz,
fica linda sorrindo!
Acredito. E sigo meu caminho.
Alguns dizem que aprendi a conviver com a dor…
Outros, que enlouqueci.
Outros ainda, que te esqueci.
Passo sorrindo pela vida,
vendo com seus olhos,
amando com teu coração,
pensando com seu cérebro,
sentindo seu perfume.
E assim construí a minha vida —
com você presente.
Estranho destino o nosso:
linhas paralelas que seguem juntas
sem nunca se encontrar.
A tirania do Edito nos separou.
A tirania do Edito nos uniu… eternamente.
E.C. (Mucha)
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