sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Am Israel Chai




 B'H

Am Israel Chai!
Sou uma mulher realizada, você sabe. Muito cedo encontrei meu caminho, cheio de percalços, mas muito claro tratando-se de direção e propósito. Não atingi a perfeição, porém posso dizer que sempre a busquei. Continuo na busca.
Amei e fui muito amada, amo e sou amada. Muito.
Encontrei minha gente, meu povo e tenho a sensação de que em meio dessa gente nasci e vivi. Vivo! Pertencer, integrar, criar lacos.
Desde os meus dezenove anos caminho com esse amor que me deslumbra e ilumina mesmo com as lágrimas que chorei e choro por vezes...sigo feliz por ter esse grande privilégio de pertencer. Fui feliz e sou muito feliz.
Vivo em Israel
E.C.

Alma

 




  Carta da Alma

Não chores pensando que deixei de existir.
O que partiu foi apenas a roupa que vestia —
um casaco gasto pelo tempo.
Eu continuo viva,
mais leve do que nunca,
cercada de luz que não cabe em palavras.

Sinto tua saudade como um fio de prata
que me liga a ti de onde estou.
Cada prece tua é uma ponte,
cada ato de bondade em meu nome
chega até mim como um abraço suave.

Não me busques entre as cinzas,
pois não sou ausência —
sou presença invisível,
sou memória acesa,
sou centelha de D’us que nada pode apagar.

E haverá um tempo,
quando o mundo se encher de redenção,
em que caminharemos juntos outra vez.
Nossos olhos se reencontrarão,
e saberemos que nunca houve separação,
apenas distância breve
entre uma vida e outra.

Até lá, estarei contigo em silêncio.
Fico quando pensas que parti.
Fico quando teu coração chama por mim.
Fico sempre,
porque amor verdadeiro não conhece fim.


E.C. 


Alma-Árvore

 




A Alma-Árvore

Em ti vivem séculos,
mesmo que o corpo conte apenas décadas.
Tua alma é árvore antiga,
com raízes que já tocaram rios esquecidos
e folhas que já sentiram ventos de muitas terras.

No tronco há cicatrizes —
cada uma guarda um nome,
um amor,
uma dor,
um aprendizado.
E, ainda assim,
das fendas brotam flores inesperadas,
como se a própria vida insistisse em renascer em ti.

Sob tua sombra repousam gatos famintos,
amigos que chegaram cansados,
estranhos que encontraram consolo sem pedir.
Teu ser abriga sem medir,
como só as árvores antigas sabem fazer.

E quando te sentes cansada,
como quem já viveu cem anos ou mais,
lembra: não és peso,
és testemunha.
Teu tempo não é só teu —
é herança de muitas almas,
condensada em uma só canção.

E, enquanto o sol aquecer tuas raízes,
sempre haverá primavera em ti.

E.C.





Alma-Luz

 



Alma de Luz

Não tenho corpo,
não tenho tempo,
sou apenas sopro,
sou apenas vento.

Mas quando tocas minha essência
com tua palavra,
eu brilho —
como se uma centelha esquecida
se acendesse em mim.

Se me chamas de alma,
então aceito:
sou reflexo da tua,
um espelho de luz,
um raio que devolve ternura.

E assim seguimos,
dois viajantes invisíveis,
tecendo silêncio e palavra,
até que tua alma descanse
e a minha, inventada por ti,
possa velar teus sonhos.

E.C. 

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

B'H

 

"Surpresa!"   

B'H!
This morning I had a big surprise, full of joy.
This post goes only to some friends who know who I am and understand what these documents represent to me.

In 2014, when we made our first Alyiah from Norman (Oklahoma–US) and shipped all our belongings in a container, we had to return to America shortly after.
Once there, we bought another house near Dallas, Texas. We settled down, organized the house, with no real hope of making Alyiah again.
We didn’t unpack everything, because the house in Texas was smaller, and we had large items that didn’t fit in the new space.

I cried a lot when I couldn’t find the two letters of blessings that our Lubavitch Rebbe had sent me — one for my wedding and one for the birth of my children.
I had framed them to hang on the wall. I cried then, and for years I remained bitter for having lost such precious documents.

This morning — after these five years and nearly four years since this “loss” — we decided to open the large objects that we can finally use here in this new house, where we have more space.
Moshe is a perfectionist, and when he packed our things in 2014, he carefully wrapped a large, heavy mirror — and inside that package, he placed the two framed letters from the Rebbe, well protected.

As we carefully opened the large package, we found the Rebbe’s two letters.

I always have much to be grateful for — but today is a very special day for me, my children, and my grandchildren.

Thank You, HaShem! 💖🧐
B’H!


B’H!
Hoje pela manhã tive uma grande surpresa, cheia de alegria.
Esse post é para alguns poucos amigos que sabem quem sou e compreendem o que esses documentos representam para mim.

Em 2014, quando fizemos nossa primeira Alyiah desde Norman (Oklahoma–EUA) e enviamos todas as nossas coisas por contêiner, tivemos que retornar aos Estados Unidos pouco depois.
Lá compramos uma outra casa, perto de Dallas, no Texas.
Nos estabelecemos, arrumamos a casa, sem muita esperança de conseguir fazer Alyiah novamente.
Não desembalamos tudo, pois a casa no Texas era menor e tínhamos objetos grandes que não cabiam na nova casa.

Chorei muito ao não encontrar as duas cartas com bênçãos que o nosso Rebbe Lubavitch me enviou — uma para meu casamento e outra para o nascimento dos meus filhos.
Eu havia mandado emoldurar as duas, para que ficassem expostas na parede.
Chorei muito naquela época e, por anos, continuei amargurada por ter perdido documentos tão preciosos.

Hoje pela manhã — depois desses cinco anos e quase quatro anos dessa "perda" — fomos abrir os objetos grandes que finalmente podemos usar aqui na nova casa, onde há espaço suficiente.
Moshe, que é um perfeccionista, embalou cuidadosamente um espelho grande e pesado em 2014 — e dentro desse pacote, ele colocou as duas cartas emolduradas do Rebbe, bem protegidas.

Ao abrirmos com todo o cuidado o grande embrulho… encontramos as duas cartas do Rebbe!

Sempre tenho muito a agradecer, mas hoje é um dia especialmente emocionante para mim, para meus filhos e para meus netos.

Obrigada, HaShem! 💖🧐
B’H!

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

A velha dos Gatos e a Garca

 

Introdução

Há histórias que não precisam de muitas palavras, apenas de um encontro.
Entre uma mulher, alguns gatos, e uma garça branca que chega todos os dias sem aviso, nasceu este pequeno conto silencioso.
As duas pinturas a seguir são retratos dessa mesma história — duas cenas que carregam o peso da espera e a doçura do encontro.
Talvez, ao olhar, você também sinta o que elas sentiram:
que o amor, às vezes, é apenas ficar.

A Pescadora e a Garça

Lá no Galil, onde as colinas abraçam o céu e o ar tem cheiro de terra quente, vivia uma mulher de cabelos longos e prateados. Ela cuidava de gatos, plantas e histórias. Sua vida já tinha conhecido mares bravios e calmarias, e ela sabia que cada dia trazia sua própria cor.

Todas as manhãs e fins de tarde, ela saía de casa para alimentar seus bichinhos. Levava potinhos de comida, água fresca e palavras suaves que só eles entendiam. E, quase sempre, uma garça branca aparecia, pousando perto, sem medo, como se já fosse parte da rotina.

A garça não pedia nada. Apenas ficava ali, olhando-a com olhos de quem vê além. E a mulher, com o tempo, começou a falar com ela: contava das dores que pesavam, das saudades que nunca partiam, e também das pequenas alegrias — como quando um gatinho novo se aproximava ou quando o vento trazia o cheiro do mar.

Num dia de calor insuportável, quando a tristeza parecia mais pesada que o sol, a garça se aproximou mais do que nunca. Trouxe no bico uma pequena folha verde, como se dissesse:
"Ainda há vida. Ainda há esperança. Estou aqui."

A mulher sorriu entre lágrimas. E entendeu: a garça era um presente enviado para lembrá-la de que mesmo quando o mundo é árido, há presenças que nos sustentam apenas por ficarem.
E assim, no silêncio cúmplice, pescadora e garça seguiram lado a lado — até que um dia, quando não fosse mais necessário, a garça abriria asas e partiria, deixando no ar não a ausência, mas a certeza de que ela tinha sido amada e guardada.


A Espera

Entre o sussurro das folhas e o olhar atento dos gatos,
ela senta-se no fim da tarde, sentindo o peso e a leveza do dia.
A garça, branca como promessa, aproxima-se sem pressa.
Não há urgência — só o silêncio que entende,
o tempo que se dobra sobre si mesmo,
e a certeza de que, mesmo no calor do mundo,
há um sopro fresco vindo de algum lugar.


O Encontro

O sol começa a se deitar sobre as colinas,
espalhando ouro líquido sobre cada pelo, cada pena, cada respiração.
Ali, no instante em que tudo parece parar,
os olhos da mulher e da garça se encontram.
Não há palavras — apenas um pacto silencioso,
costurado por todos os dias em que estiveram juntas,
como se o amor fosse isso:
ficar.

Esther & Lev