Carta Aberta: Trinta anos depois, é hora de reconsiderar a prisão de Yigal Amir
Trinta anos se passaram desde o trágico assassinato do primeiro-ministro Yitzhak Rabin — um momento que abalou profundamente a democracia israelense. A dor permanece, e a memória deve ser preservada. Mas a justiça precisa evoluir. Ela deve ter coragem de revisitar até mesmo seus capítulos mais dolorosos.
Yigal Amir, condenado pelo assassinato de Rabin, continua preso sob uma lei aprovada após o crime — uma legislação feita sob medida para impedir sua libertação. Essa lei retroativa fere o princípio da igualdade perante a lei e estabelece um precedente perigoso: o de que a justiça pode ser reescrita para atender à emoção, e não à razão.
Na época do crime, Amir tinha apenas 25 anos. Como tantos jovens, estava imerso em ideologias radicais, influenciado por um ambiente político polarizado e por discursos inflamados que circulavam livremente. Seu ato foi grave, mas também fruto de uma juventude tomada por convicções absolutas e imaturidade emocional. Em qualquer democracia saudável, reconhecemos que jovens podem errar profundamente — e que, com o tempo, podem mudar.
Enquanto isso, o Estado de Israel já libertou centenas de prisioneiros palestinos condenados por crimes hediondos — incluindo terroristas responsáveis por assassinatos em massa de civis inocentes. Muitos foram soltos como parte de acordos políticos, trocas de prisioneiros ou gestos diplomáticos. Se monstros que mataram famílias inteiras podem ser libertados, por que o mesmo princípio não se aplica a Yigal Amir?
Essa não é uma proposta de esquecimento. É um chamado para honrar os valores que Rabin defendia: justiça, coragem e integridade democrática. Yigal Amir está preso há 30 anos. Ele não representa mais uma ameaça à segurança nacional. Sua permanência na prisão, sustentada por uma lei personalizada e retroativa, não é justiça — é vingança.
Se Israel deseja ser uma democracia madura, precisa ter coragem de reexaminar até mesmo suas feridas mais profundas. Porque uma justiça que se recusa a evoluir transforma-se em punição sem propósito. E esse não é o legado que Rabin teria desejado.
por Esther Crouch
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