Saudade de Mim...
Então… vem aquela saudade.
Às vezes nem sei de onde ela chega — talvez de um perfume, uma flor, uma cor, um som, um gosto familiar...
Às vezes, um aroma disfarçado no vento, uma risada esquecida.
E então ela chega.
Penetra tua mente, preenche teus pensamentos.
Às vezes tão forte e persistente que, ao te envolver, te transporta a lugares longínquos, tempos passados, lágrimas choradas...
e muitas risadas.
Saudade de tudo.
Fome de cores, de sabores, de sons.
Pra brincar direito tem que fechar os olhos,
imaginar o corpo leve,
a alma transparente.
É preciso deixar que as sensações se misturem com as emoções.
Saudade... voilà!
Saudade de mim.
Da menina que fui —
mimada, dengosa, bonita, manhosa.
Saudade da maneira tão completa de sentir.
Plena de esperança — sem nem saber o que esperança era.
Olhos abertos, curiosos, ávidos de futuro,
sem prestar atenção ao presente.
Amanhã…
Amanhã é — e sempre será — mais colorido que hoje.
O passado não existia.
Só o futuro.
Como uma volta de montanha-russa.
O que vem pela frente? Novidade.
Pose de gente grande.
Cigarro na mão.
Muito rímel, pouco batom.
Diziam:
"Ela vai sair de olhos e de perfume.
Ninguém presta atenção na roupa que ela usa."
Muito rímel.
Sombra.
Pouco batom.
Perfume Zadig, de Emilio Pucci.
Perfume & Olhos.
Salto alto.
Cabelo liso e longo.
Olhos tristes.
Nariz adunco.
Quase uma coruja!
“Alegria, Alegria” — Caetano.
“Sem lenço, nem documento.”
Ouvindo Chico passar com “A Banda”.
Muito champagne com Pino Donaggio,
Dalida rouca, chorando em francês...
Aznavour com seu “Désormais”...
Dourado.
Alegria.
Amor.
Paixão.
Tempo de aventura.
De poesia.
Do “Poetinha”.
De Búzios, Arraial do Cabo, Praia do Peró...
“Debaixo dos caracóis dos seus cabelos...”
“Ton-Ton”, “Cave” no fim da noite.
Dener Pamplona.
Quem???
Dener Pamplona, casado com sua linda Maristella Splendore...
Um luxo só!!!
Ele — verde e magro, quase um vampiro.
Ela — exuberante em cores, plácida em gestos.
Esplendorosa Maristella Splendore.
“Le Bateau”, “Ton-Ton”, “Mau-Mau”...
Jantar na Baiuca, uma passadinha rápida pelo Dobrão na Oscar Freire.
Gente… que música é essa?!
Tenho de volta meus 17...
E os rostos queridos de então...
Então fecho os olhos, balanço a cabeça — e sorrio.
Tempo bom.
Estar viva.
Ser criança.
Não ter medos.
Valente!
“Vestir de novo meu casaco marrom...”
E é isso aí:
“Eu Te Amo, Meu Brasil, Eu Te Amo!”
“Ninguém Segura a Juventude do Brasil!”
Saudade de mim.
Esther Crouch (Mucha)
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