sábado, 12 de dezembro de 2020

Exilio de Mim Mesma

 





Dezembro 2020
Coisas de mim ou a realidade do exílio de mim mesma

Não.
Não tenho pressa.
Não tenho hora.

O tempo não importa.
Ele sobra.

Não pertenço mais à grande cidade.
Já não mantenho mais meu lugar na sociedade que me criou e me deu essa personalidade —
essa que forjou o drama que tão estoicamente sigo vivendo.

Esse drama...
é uma história de vida escrita por alguém que morreu inúmeras vezes, sufocada em lágrimas —
e que, só escrevendo, retorna à vida.

Sou personagem mal-acabada de um livro confuso.
Criatura medrosa, sempre no limiar da loucura, tentando cuidar e proteger as duas joias que lhe foram confiadas —
num imenso assomo de bondade de D’s.

····································

É.
É triste, embora natural.
Acho que... naturalmente triste.

Os amigos começaram a partir já há algum tempo.
Partidas sem tempo de adeuses...

Personagens que frequentaram minha história de vida,
dando voz ao drama,
colocando — vez por outra — uma fala mais suave.

Outros, como caricaturas feitas às pressas,
deixaram um sorriso aqui,
uma lágrima acolá.

Quantos rostos queridos não tive a nobre emoção de ver envelhecer junto a mim...
Não me foi dado acompanhar de perto as mudanças que o tempo faz.

Fecho os olhos —
e esses rostos chegam,
para sempre jovens em minha memória.

Ouço suas vozes.
O sotaque carregado, que sempre levava na bagagem — de um país a outro.
Sinto o perfume de cada um...

Algumas cenas dançam e somem.
Outras teimam em permanecer —
ou em voltar,
outra e outra vez.

A bailarina teima em ser graciosa, lá no alto, andando no fio de arame...
Lá de cima, ela sabe que o furinho na meia rendada é imperceptível.

Continua segurando seu guarda-chuvinha —
pretexto para algum equilíbrio.

Segue.
Sem olhar para baixo.
Muito menos para trás.

Ela sabe que só pode olhar para frente —
e sorrir.

Sorrindo,
vai brincando com a vida até o ato final,
quando, por fim, as cortinas vão fechar.

E ela sabe que, assim como os amigos que partiram
sem tempo de adeuses,
ela também partirá —
sem a chance de, pelo menos, dizer adeus.

Esther Crouch



 

terça-feira, 17 de novembro de 2020

Alyiah



Vivendo a Alyiá
Novembro, 2020

Não me surpreendo mais quando as pessoas dizem que pareço tão feliz e me perguntam o segredo.
Não há segredo!

Sou grata por estar aqui.
Por ter feito Aliá.
E por, aos 70 anos, estar com saúde para me conectar com pessoas que, como eu, têm o privilégio de viver aqui.

Acordar pela manhã com o cantar dos pássaros...
Ver todo esse verde maravilhoso...
Passear por entre flores de um colorido tão vibrante...
É festa para os olhos — que, Baruch HaShem, ainda podem ver!
E sentir o aroma das frutas e verduras — nesta terra de tamanha abundância.

Como não ser feliz quando se tem tanto a agradecer?

Andar de ônibus é maravilhoso —
quando se gosta de gente.
Gosto de estar com minha gente
Cada um com sua história de vida, vindos de lugares tão diferentes,
e unidos aqui pelo amor a esta Terra,
onde podemos ser judeus sem medo,
sem sermos "tolerados".

Essa é a nossa casa.
E estou sempre muito feliz por estar em casa!

Essa é a herança que deixo, orgulhosa, para meus filhos e netos:
a compreensão do imenso valor que é ser judeu,
sem esquecer a grande responsabilidade que isso carrega.

Aqui, temos tudo kasher.
Vou ao supermercado e não preciso ficar em dúvida.
Temos restaurantes kasher maravilhosos!

Aqui, sou conhecida pelo nome.
As pessoas falam comigo como se fôssemos velhos conhecidos — ou membros da mesma família.

E se não falo hebraico, não tem importância!
(Baruch HaShem, não preciso trabalhar!)
Todos falam um pouco de inglês, francês, espanhol, ídiche...

E além disso — como diz meu Moshe —
eu me comunico de qualquer jeito!

Falo com os olhos, com o sorriso, com as mãos — com todo o meu ser.
A gratidão de estar em Eretz é imensa.

Chego ao supermercado e já sou saudada pelo nome.
Os empregados me conhecem.
Discuto com o açougueiro — que, diga-se de passagem, já me conhece bem —
e me espera com um sorriso pela minha meshugass!

É verdade: pra mim, tudo é naches, tudo é geshmak!

Saio na rua como se fosse para uma festa.
Não aprecio yachnerai, mas tenho sempre tempo para uma boa conversa.

Gosto de rir, de brincar,
amo as pessoas que amam Israel.

Quer me ver enfurecida?
Fale mal daqui.
Gai in drerd arein!
Não tenho paciência — nem tempo — para traifeniks!

Sou eu mesma aqui.
E isso mostro nas fotos.
Inspirar judeus, mostrar o que a vida nos oferece aqui —
essa é minha meta!

Venham ser felizes!

Esther Crouch



quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Meus 20 anos...

 Trechos do Diario de Uma Mulher Sem Importancia

"

Meus 20 anos...

Meus vinte anos se foram.
Longe... muito longe.

Engraçado como, pela manhã, ao acordar, eu tenho 19.
Sinto como aos 19 anos!
Impressionante isso.

Pego a pasta de dente, coloco na escova, começo a escovar os dentes e…
aí, então, olho no espelho.

Quem me olha de volta não é mais a menina.
É a senhora madura que sou.

Só os olhos permanecem.
Na expressão dos olhos se reconhece a menina que fui —
olhar travesso, muitas vezes em atitude de total desafio.

Dou um sorrisinho maroto.
Bato a escova de dentes três vezes na pia.
Essa sou eu.

Eu de muitos nomes.
Alguns apelidos.
Inúmeros sobrenomes.
E uma só face:
mucha-menina-fatal-tristeza-alegria-menina-amante-doce.

Hier Encore”, pela décima vez...
Lindo. Triste. Tão verdadeiro.
Tenho uma versão com Aznavour e Jacques Brel, ao vivo!
Coisa linda. Preciosa.

Tantos projetos...
Quando eu criticava o mundo com desenvoltura...
O futuro estava todo à frente!

Alguns amigos estão mortos. Outros partiram.
O tempo passou.

Mas... continuo sendo uma otimista.
Mesmo quando “Il faut savoir...”
repete suas palavras conhecidas,
falando da “felicidade perdida”
e da “necessidade de se levantar da mesa quando o amor já foi servido”...

"Il faut savoir..." — é melhor se retirar.

Aí entra em cena a menina.
Ela mantém o sorriso.
Levanta o queixo.
Prende as lágrimas.
E segue.
Segue com bravura.

Um testamento deixo aos meus dois filhos:
uma vida vivida com intensidade.

Quando alguém diz que sofri tanto...
De verdade, sofri.
Chorei lágrimas de sangue.
E tudo transformei em mais amor.

Das flores, retirei os espinhos.
Machuquei meus dedos,
mas conservei as flores.
Acreditei.

Segui em frente.
Sorri quando o mais fácil teria sido morrer.

D’s sempre foi meu grande Sócio.
Meu Sócio Majoritário.

Tropeços.
Pedras no caminho.
Dificuldades.

Mas posso dizer, sem hesitar:
Fui imensamente feliz!
Fui muito amada.
Amei muito.
Amo muito.

Conservo emoções antigas.
Guardo “joias” únicas.

Sou uma mulher imensamente rica.
Fui feliz como não conheço outra igual.

O tempo passou.
Tenho no rosto marcas do tempo.
Minha história está no meu sorriso e no meu olhar:
Amor e Felicidade.

Tenho ainda muito a entregar ao mundo.

Criei dois filhos só com a ajuda de HaShem.
Fiz deles dois GENTE, com G maiúsculo.
Dois JUDEUS, com J maiúsculo!

Ah!!!
Eu disse SIM à vida!
E a vida disse SIM pra mim!

Esther Crouch

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Alyiah--alegria de Viver


Buscando a Alegria de Viver?

Estar vivendo em Eretz Israel já é, por si só, um dos maiores presentes que um judeu pode almejar.
O ideal de nossos ancestrais — voltar para nossa Terra e fazê-la florescer.
Ter nossos filhos e netos aqui.
Pisar em solo sagrado...
Viver, respirar este ar.
Estar em contato com nossa gente.

É indizível o prazer de não mais estar entre estranhos, de não mais termos que pedir desculpas por sermos quem somos.

Aqui estamos no Lar Nacional Judaico
e tudo que há aqui é nosso.
E é o melhor.

Nossa gente, ao sair de Mitzraim, trouxe consigo alguns egípcios que logo nos causaram problemas...
Começaram a reclamar da comida, dos percalços do caminho.
Já sentiam saudade da escravidão no Egito — que nunca deveriam ter deixado para nos seguir.

Fizeram o bezerro de ouro,
levaram nosso povo a pecar,
a duvidar de HaShem.

E não parou por aí...
Seguiram — e seguem — reclamando da vida aqui com lamúrias estúpidas e sem sentido.

A você que vem em busca do seu Israel interno,
só posso dizer: bem-vindo!

Mas não se deixe enganar pelos amaleks!
Pegue — segure com as duas mãos — sua preciosa herança
e não permita que os falsos profetas o desencantem.

Israel não é perfeita
mas foi para isso que fomos chamados.
Estamos aqui para tikun olam, para aperfeiçoar o mundo.
Mas antes disso: aperfeiçoar a Terra de Israel,
e nos tornarmos mais dignos de tamanha herança.

O mundo está, mais uma vez, mergulhado em grandes problemas.
E nós, judeus, mais uma vez, somos feitos de bodes expiatórios.
Infelizmente, a História se repete.
Outra vez estamos em perigo.

Temos que nos unir
e fazer uma vida feliz aqui.
E isso só é possível se olharmos para frente —
se enxergarmos o milagre que é esta terra
e não permitirmos que os “egípcios” que teimam em permanecer entre nós
nos tirem a alegria e o orgulho de termos conseguido esta Aliá.

Quem não gosta daqui
que volte de onde veio
e viva a vida medíocre que a diáspora oferece.

Falo de valores — valores de um judeu consciente.
Nem estou falando dos goyim.
Falo de prioridades,
de uma visão que um goy não enxerga
nem entenderia, mesmo que enxergasse.

Precisamos saber o imenso privilégio que é ser judeu,
e mais ainda:
fazer parte dessa História.

Sinto orgulho.
Muito orgulho de estar aqui,
e de ver meus netos aqui.

Quando pego um ônibus após o fim de semana
e vejo nossos chayalim voltando...
tão jovens, tão lindos, tão mentch...
Tão diferentes dos jovens do mundo inteiro...

Somos um povo realmente diferente dos outros povos.
Não nascemos iguais.

E é com muito orgulho que digo:
ser judeu é um imenso privilégio.
E viver em Eretz Israel
um milagre que temos que fazer por merecer.

Com o cálice transbordando...
Esther Crouch

sábado, 13 de junho de 2020

Viagem ao Brasil 2019


    • Trechos do Diario de Uma Mulher Sem Importancia



    • Pastel de palmito com caldo de cana e limão na feira do Itaim Bibi... risoles da Offner (que, convenhamos, não é melhor que o meu, mas é parada obrigatória!). Bala de ovo, queijo com goiabada cascão.

      Rever velhos amigos (uns poucos), jogar conversa fora tomando cafezinho com amigos novos que terei o imenso prazer de conhecer pessoalmente. Olhar os rostos, guardar na memória as expressões, os sorrisos, o tom de voz — para que, ao voltar e conectar-me com eles aqui em Israel, pela internet, estejamos mais reais, mais presentes uns para os outros.



    • Chegar a Guarulhos

      Chegar a Guarulhos e, ao sair com minha bagagem, procurar na multidão que espera o rosto do meu amado filho Nathan.
      Já antecipo as piadas e o sarcasmo inteligente, sempre tendo como alvo... meus quilos a mais! Ah! Tenho que lembrar de colocar uns brincos grandes e pendurados — só para, de cara, ser admoestada com um sonoro:
      “Aqui não se usa isso, Mãe!”
      Ai... as delícias da maternidade! Fui eu que ensinei a escovar os dentes, a andar, a comer, a falar... e hoje, aos quarenta, ele me diz o que devo usar!
      (risos de amor)

      Um abraço bom, apertado, muitos beijos. Orgulho. E o mais profundo agradecimento a HaShem por ter me dado meus dois preciosos filhos.

      Rever meus netos, que há dois anos não vejo. Sentir cada um deles bem pertinho do coração.
      Abraçar minha norinha querida — e, mais uma vez, admirar como ela consegue manter nossa família e o lar funcionando com perfeição, como uma orquestra bem afinada!

      Entrar na cozinha e poder fazer os pratos que meu filho ama, ter o prazer de vê-los todos comendo a "comidinha da vovó".
      Fazer minha torta de marzipan com ganache de chocolate e ver os olhos do meu Nathan... sorrindo.

      Como não estar ansiosa?
      Lógico que estou!
      E muito!

      💖🤩
      Esther Crouch (Mucha)

O Esconderijo da Solidao





O Esconderijo da Solidão
Esther Crouch – 7 de junho de 2020

Todos os dias pela manhã, durante anos — longos anos — essa era a vista da janela da cozinha da minha casa. A primeira imagem do lado de fora, do lugar onde morei. Nossa casa em Oklahoma ficava num bosque. Construímos um lago dentro da propriedade. Plantei tulipas e outras flores, e as reguei com minhas lágrimas de saudade e solidão.

Passei muitas horas sentada no deck, observando os esquilos e pássaros. Conheci guaxinins e gambás — alguns chegaram até a ganhar nomes, já que nos visitavam com frequência. Lembro com ternura de certos esquilos que se aventuravam a comer na minha mão, desafiando meu fiel escudeiro Freud Ray, que me acompanhou quando deixei o Brasil, em 2001, para me casar pela segunda vez.

O amanhecer e o entardecer eram particularmente bucólicos, mas, com o cair da noite, as sombras dançavam e o jogo de luzes se tornava fantasmagórico — algo difícil de descrever em palavras, ou mesmo em pensamentos, para essa brasileira que se impôs a esse exílio. Exílio voluntário, na busca de uma segunda chance no amor.

Meu amiguinho Freud, meu filho querido de quatro patas, um verdadeiro gentleman, sempre ao meu lado. Ele ouviu muito, com paciência e olhos atentos. Muitas vezes senti que desejava falar, para me consolar. Para ele, a mudança das ruas do Itaim, em São Paulo, para o bosque em Oklahoma foi o melhor que poderia ter acontecido: corria livre, brincava de pega-pega com esquilos, guaxinins, gambás, pássaros...

Freud viveu 12 anos — cinco no Brasil e mais sete comigo no campo. Quando ele virou estrelinha, eu o enterrei perto do lago, à sombra da sua árvore preferida, o lugar onde mais gostava de passear. Enfeitei seu túmulo com pedrinhas brancas, uma das quais tenho comigo até hoje, sempre ao alcance da minha mão.

Muita coisa morreu e foi enterrada nessa paisagem. Parte de mim lá ficou. Sonhos antigos, lembranças de cores e perfumes, o toque do vento à tardinha nos meus cabelos — que ali pratearam.

A solidão é propícia ao crescimento. E assim pude continuar me reinventando e ganhando a força que só a dor imensa é capaz de dar. A força necessária para o voo da fênix.

Quando nos mudamos, ao deixarmos Oklahoma definitivamente, subi no carro e bati os sapatos — como Dona Maria de Portugal ao deixar o Brasil — para não levar comigo nem um grão de terra daquele bosque. Na outra mão, levava a pedrinha branca, roubada do túmulo do meu grande querido Sancho Pança, que virou estrelinha e iluminou — e ainda ilumina — as minhas noites escuras.

E.C.


terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Vivendo a Vida

Trechos do Diário de Uma Mulher Sem Importância

Fevereiro de 2020
Living Life — Vivendo a Vida

Muitas vezes, quando estou no ônibus aqui em Karmi'el, sinto algo como uma euforia...
Vou olhando as montanhas lindas, os transeuntes, lojas, mercados. As árvores e as flores. Os gatos, pachorrentos e felizes. Nenhum cão nas ruas, com exceção dos que passeiam com seus donos. Não existem cães abandonados vagando tristemente, famintos pelas calçadas.

Olho para o céu do meu país e, silenciosamente, agradeço a HaShem pelo privilégio de viver aqui.

Meu coração canta.
Sinto que cheguei, que fiz minha Aliá, e repouso nas mãos do Eterno.

Então olho dentro do ônibus e vejo nossa gente. O ônibus cheio — um prato cheio, kkkk!
Como na maioria das vezes, saio no meio da manhã, quando os adultos jovens estão trabalhando e os mais novos, na escola.
Muita gente de idade nos ônibus, falando russo, hebraico, ucraniano, francês, espanhol de vários lugares. Um pouco de inglês também.

Os motoristas (alguns que já conheço pelo nome!) falam hebraico e árabe. Alguns são árabes, outros judeus, muitos drusos.
Um misto de odores invade meu nariz para completar esse balagan...
Comida, pão, aqui e ali uma nota de alho e cebola, sabonete e perfume.

Muitos levam consigo carrinhos — imensamente populares aqui — para as compras no mercado.

Ah!!! E quando entram nossos soldados...
Somos todos da FAMÍLIA. Todos nós amamos todos eles — e nos orgulhamos tanto!

Não existe jovem que não ofereça seu lugar a uma senhora ou a um senhor de idade.
As mulheres grávidas também jamais são vistas de pé. E, quando há crianças nos ônibus, todos, sem exceção, tomam conta para que estejam a salvo e comportadas.

Por vezes, Moshe me pergunta por que estou sorrindo.

Fico me perguntando se essa gente toda sabe do grande privilégio que é morar aqui, em Israel.
Judeus do mundo inteiro.

Aqui não sofremos perseguições. Somos livres e orgulhosos para viver nossa cultura — que, no final, acaba sendo uma mistura deliciosa das culturas do mundo todo!

Olho os rostos, as expressões, escuto os sons e sinto o cheiro de toda essa mistura.
Tenho vontade de cantar, de sorrir.
Amo.
Uma grande onda de amor infinito me transborda, sobe aos meus olhos e rola mansinha, molhando meu rosto.

Sou completa.
Cheguei ao meu lugar no mundo.

Esther Crouch


Living Life

"Excerpts from the diary of a woman of no importance"






February 2020
Living Life

Many times, when I'm on the bus here in Karmi'el, I feel something like euphoria...
I look at the beautiful mountains, the passersby, the shops and markets. The trees and flowers, the plump and happy cats. There are no stray dogs on the streets—only those walking peacefully with their owners.
No abandoned dogs, no hunger, no sadness in their eyes.

I look up at the sky of my country and silently thank HaShem for the privilege of living here.
My heart sings.
I feel I have arrived.
I made my Aliyah and now rest in the hands of the Eternal.

Then I look around the bus and see our people—this full bus is a full plate! 😂
I usually take the bus mid-morning, when young adults are at work and the youth are at school. So the buses are full of older people—speaking Russian, Hebrew, Ukrainian, French, Spanish (from many countries)... and a little English, too.
The drivers (some of whom I already know by name!) speak Hebrew and Arabic. Some are Arabs, some are Jews, many are Druze.

A mixture of scents fills the air, completing this balagan...
Food, fresh bread, here and there a hint of garlic and onion, soap and perfume.

Many carry those large market carts that are so popular here, loaded with groceries.

Ah! And when our soldiers enter the bus, we are all one FAMILY. We all love them—and are so proud of them!

There isn’t a single young person who doesn’t offer their seat to an elderly woman or man. Pregnant women are never seen standing. And when children are on the bus, everyone—without exception—keeps an eye on them, making sure they are safe and well-behaved.

Sometimes Moshe asks me why I’m smiling.
And I wonder...
Do these people know the immense privilege it is to live here in Israel?
Jews from all corners of the world.

Here, we are not persecuted.
We are free.
We are proud to live our culture—which, in the end, becomes a delicious blend of cultures from around the world.

I look at the faces, the expressions, I listen to the languages and breathe in the scents of this beautiful chaos.
I feel like singing.
I feel like smiling.
I feel love.
A great wave of infinite love rises up and gently spills over—wetting my cheeks with silent tears.

I am complete.
I’ve arrived at my place in the world.

Esther Crouch